segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Sorri Agnieszka



Agnieszka Radwanska pode até ser uma jogadora muito querida entre os seus colegas do ténis. Não sei, porque poucas vezes a vi fora do court ou a ouvi falar. Mas tenho que começar por admitir essa possibilidade.

Mas dentro dos courts, esta polaca é uma jogadora fria (como tantas outras ditas de "leste"), que não transmite uma emoção. De aparência frágil e quase esfíngica, esta polaca não esboçou um sorriso, nem sequer um "come on", durante os 77 minutos que durou o encontro de hoje frente à grande surpresa feminina deste Australian Open, Garbine Muguruza.

44 minutos decepcionantes que nada tiveram a ver com a magnífica exibição da jovem tenista espanhola contra a ex número um Caroline Wozniacki. E tal não seria de prever, tendo em atenção que as amigas de origem polaca Wozniacki e Radwanska têm um estilo de ténis parecido. Na verdade, e para ser justo, não as queria chamar pushers comparando-as a Monica Niculesco. Caroline evoluiu no último ano e tem se esforçado por bater mais forte na bola, por fazer pontos ganhantes. Ao contrário, Agnieszka mostrou hoje que se mantém bem fiel ao seu estilo, que a levou a número 5 mundial, devolvendo todas as bolas e lançando uma teia venenosa contra as suas adversárias, tenisticamente muito mais dotadas, evitando que elas aqueçam a "mão", variando entre slices, amorties, bolas fundas, cerca de metade das quais bem no meio do court evitando dar ângulos à adversária e limitando-se a esperar pelo inevitável erro...

Diria que Radwasnska é uma pusher disfarçada, muito inteligente e taticamente muito evoluída. Com a alcunha de "Professora", quem quiser saber como desfazer a cabeça do adversário, tirando-lhe confiança, só tem que observar com atenção este encontro.

Apenas alguns números que dizem tudo. Aos 20 minutos de jogo, o resultado era 1-1. Seguiu-se um terceiro jogo que durou tanto como alguns sets com Muguruza a atacar e Radwanska a devolver as bolas todas. Aos 38 minutos o resultado era de 3-1 para a polaca, o que dá uma média de 10 minutos por jogo. E, claro, o encontro terminou aí. Com a espanhola fisicamente e mentalmente de rastos, a sua juventude e a falta de experiência em Grand-Slams, ditaram o fim do encontro. Penoso para a promissora jovem tenista e penoso para quem assistiu ao vivo ou na televisão. Só foram necessários mais 6 minutos para fechar o set por 6-1. E o segundo set foi mais do mesmo, concluído em 33 minutos pelos parciais de 6-3. Resumindo, 40 minutos para desgastar e 30 minutos para resolver o encontro.

Com 23 winners contra 9, Garbine Muguruza foi obrigada a cometer 44 erros não forçados. A espanhola evoluiu muito neste torneio, vai subir umas quantas posições no ranking e ficou a perceber que não chega a sua direita potente para bater certas adversárias, terá que subir mais à rede e tentar terminar aí os pontos. Dotada de um físico invejável, terá certamente um futuro promissor à sua frente, se for bem aconselhada.



A Professora Agnieszka tem que sorrir mais, tirar mais prazer do ténis e dar mais prazer aos adeptos desta modalidade. Porque se todos fossem como ela, o ténis já tinha acabado como desporto de massas.
   

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