sábado, 13 de julho de 2013

Billie Holiday

Eleanora Fagan (1915-1959) é dona de uma das vozes femininas mais emocionantes da história da música americana e, por muitos, considerada a maior cantora de jazz de todos os tempos. Conhecida como Billie Holiday, inspirou artigos, livros, filmes e produções teatrais, quase sempre centrados na sua vida pessoal e não nas suas excelentes interpretações vocais.

Aos 10 anos, Billie foi enviada para um reformatório católico devido à negligência da mãe. O pai, músico de jazz, tinha-a abandonado quando era bebé. A infância da cantora foi bastante complicada e, mais tarde, esteve num reformatório católico, após admitir ter sido violada. Com 12 anos, saiu do reformatório e mudou-se para Nova Iorque com a mãe. Com cerca de 15 anos, começou a cantar em clubes nocturnos.
 
O talento de Billie Holiday foi descoberto em 1933, durante uma actuação no bar Monette's, no Harlem, em Nova Iorque, por um responsável da editora Columbia. Logo no início da sua carreira, a artista ganhou seu apelido Lady Day e passou a usar sua marca registada: uma flor de gardenia no cabelo.
 
Lady Day sempre enfrentou o preconceito racial. Em 1938, como vocalista de Artie Shaw, ela tinha que entrar no teatro pelas portas de serviço, era impedida de ir aos melhores restaurantes e obrigada a hospedar-se em pensões de subúrbios e não nos mesmos hotéis da banda, cujas portas eram fechadas a negros. Em 1939, a cantora empresta este seu sofrimento e indignação para a canção Strange Fruit. A música fala de um fruto estranho dependurado numa árvore do sul dos EUA: o corpo linchado de um negro. A expressividade de sua voz costura o realismo da narrativa da canção que se transformou num libelo contra a discriminação racial. Strange Fruit foi, no entanto, proibida de passar em muitas rádios.

 

Billie Holiday adoeceu gravemente em maio de 1959, depois da sua última actuação em Nova Iorque, com problemas no fígado e no coração. Contudo, nem por isso abandonou a heroína, o que lhe valeu mais uma detenção por posse de droga. A cantora morreu a 17 de julho desse ano, com 44 anos. Billie Holliday deixou uma obra que constitui uma referência no mundo do jazz, marcada pela sensualidade da sua voz quente.