terça-feira, 25 de novembro de 2014

Ténis do futuro ?

 
Roger Federer e Lleyton Hewitt disputarão, antes do Open da Austrália, uma partida de exibição com um formato totalmente revolucionário com o objetivo de reduzir a metade a duração dos encontros de ténis.
 
A partida terá a duração de três sets. Cada set durará quatro jogos, sendo ganha pelo primeiro jogador que alcançar os quatro. No caso da partida se encontrar empatada a três jogos, o vencedor será decidido num tie break.
 
Outra das novidades será o desaparecimento do ponto de vantajem aquando do 40-40, que é substituído pelo "ponto de ouro". Outra curiosidade será a eliminação do "let", ou seja se a bola tocar na rede durante o serviço, a jogada continuará.
 
"Este novo formato irá revolucionar o ténis, principalmente os clubes e a sociedade", assegurou o Presidente da federação Australiana de Ténis, Craig Tiley. Já Roger Federer afirmou sentir-se "emocionado" perante a possibilidade de disputar este encontro especial contra o seu velho amigo Hewitt.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Karen Carpenter

Há cantores que ficarão na história pela criação de um estilo musical, pela originalidade ou pelo talento para a dança. E há outros que são imortalizados pelas tragédias ou escândalos que marcaram a sua vida.
 
No entanto, são poucos os que são lembrados simplesmente pela sua voz. Aquela voz que, no meio de tantas outras, é imediatamente identificada. É o caso de Karen Carpenter.
 
A história da cantora sorridente de aparência frágil e dotada de uma voz grave e singular teve um desfecho trágico. Depois de tantos sucessos na década de setenta, alguns considerados ainda hoje ícones da história da pop, que culminaram com uma atuação na White House por convite de Richard Nixon aquando da recepção do chanceler alemão Willy Brandt, Karen foi precocemente derrotada por uma doença praticamente desconhecida naquela época. Faleceu de paragem cardíaca provocada por anorexia nervosa, a um mês de fazer 33 anos.
 
Juntamente com o seu irmão, Richard Carpenter, Karen obteve a consagração internacional como vocalista dos The Carpenters. Com cerca de 100 milhões de discos vendidos, o dueto californiano é ainda hoje considerado um dos biggest-selling da história da música americana.
 
A voz de textura aveludada, profundamente melancólica e bastante sofisticada de Karen pode ser melhor apreciada quando foi digitalmente isolada dos instrumentos. Foi o que fez o Studio Multitracks, com faixas de um dos melhores discos da dupla, The Singles 1969-1973, criando um efeito quase "a capella".
 
Yesterday Once More (em baixo), Goodbye to Love e Close to You são apenas três dos grandes êxitos dos The Carpenters.
 
 

 

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Intratável Cilic






Intrattabile Cilic

Foi assim que o comentador italiano da RAI terminou o comentário à final da edição deste ano do US Open.  Ridiculously powerful, escrevia o Telegraph. Coup de chapeau, dizia-se na emissão francesa do Eurosport.

O Mundo do Ténis ainda se encontra em estado de choque, após o embate entre Kei Nishikori (número 11 ATP) e Marin Cilic (número 16 ATP) em Flushing Meadows. Muito se escreveu e disse desta Final Surreal, tão longe da Final Desejada entre Roger e Novak.

A verdade é que desde a edição de 2005 do Australian Open, nunca uma final de um Grand-Slam foi disputada sem a presença de pelo menos um dos big four. E a grande maioria disputada entre dois deles, com repetidos duelos entre Djokovic, Nadal, Federer e Murray. Terá sido uma "lufada de ar fresco", como afirmou Goran Ivanisevic, a segunda estrela que mais brilhou em Flushing Meadows?

Nishikori esteve uns furos abaixo do que tinha feito dois dias antes perante o número um mundial. Mas não é difícil acreditar que mesmo que estivesse ao seu melhor nível, seria impotente para travar o croata de cima dos seus 1,98 m. E a sensação que fica, a quem assistiu ao "desprezo" com que Cilic foi "arrumando" os seus adversários, incluindo Berdych, Federer e Nishikori, é se existe algum jogador de ténis atualmente com capacidade de sequer lutar contra as armas deste croata. E não se pense que Cilic é sinónimo de serviço, porque há quem sirva mais rápido no circuito e nem sequer tenha chegado a uma meia-final de um GS. É muito mais do que isso, veja-se por exemplo as estatísticas destes encontros, incluindo o número de erros não forçados e winners.

Marin Cilic jogou na zona praticamente durante todos os três últimos encontros que disputou em Flushing Meadows. Só assim foi possível vencer de rajada os 3 sets em cada um dos encontros contra adversários melhor posicionados no ranking (veja-se que a Final nem atingiu as 2 horas de duração, provavelmente a mais rapidamente disputada na última década). Cheguei a perguntar-me a mim mesmo durante a Final se o estratega Rafael Nadal seria capaz de o tirar da zona e perder num qualquer momento a confiança com que enfrentava cada ponto que disputava. Por outro lado, quem anda há muitos anos no Ténis, sabe que esta força invisível capaz de vencer encontros e torneiros, designada de momentum, não durará sempre e muito provavelmente já não acompanhará o gigante croata no Australian Open 2015.

Grande feito, Cilic !

sexta-feira, 11 de julho de 2014

O Robalo em Matosinhos

Há dias assim... tive que me deslocar a Leça para tratar de uns assuntos. Era hora de almoço e era para petiscar por ali. Como não consegui arranjar estacionamento, decidi passar pela Lota de Matosinhos.

Um automóvel a sair, um lugar à sombra (hoje a temperatura ultrapassava certamente os 30 ºC). Fui andando numa rua perpendicular à rua principal dos Restaurantes e resolvi parar num pequeno restaurante (não mais do que 6 mesas, tipo tasquinha). 

Comi hoje a melhor sardinha assada, acompanhada de uma salada mista generosa e das melhores batatas a murro que alguma vez tive oportunidade de comer em Matosinhos. Ambiente familiar, empregados atenciosos.

Restaurante "O Robalo", em Matosinhos. Parece que a ameijoa à bolhão pato é também uma especialidade. 

Recomendo e lá voltarei em família, muito brevemente !




quarta-feira, 9 de julho de 2014

Era melhor ter feito hospitais mesmo ...




Parece mais um resultado de um encontro de ténis do que de futebol. Mas o 1-7 aconteceu, e afinal o povo tinha razão. Como terá afirmado Ronaldo, o melhor teria sido construir hospitais e escolas em vez de estádios de futebol...







domingo, 6 de julho de 2014

Aquele smash... Roger !


Pai de 4 filhos, Roger Federer sabe agora e mais do que nunca, que há mais coisas na vida do que encontros de ténis. Mas perder assim, depois de 4 horas de um renhido duelo frente a Novak Djokovic (6-7(7), 6-4, 7-6(4), 5-7, 6-4) dói. Mas é provável que tenham saído desta memorável final mais tristes os adeptos e fãs de Roger, do que o próprio. Ou talvez não...

Doeu porque nós, os mais atentos e seus admiradores, sabemos que foi aquele ponto (um único ponto, em mais de 300 pontos disputados) que derrotou Federer. Foi aquele smash no jogo de serviço do sérvio (quando estavam empatados 15-15, 4-4 na 5.ª partida) que sentenciou esta final.  Tudo tão equilibrado até aí, Roger sobe à rede e teve a oportunidade de fazer o 15-30, que o deixaria a 2 pontos de fazer o break (4-5). Depois teria o seu serviço, que estava a entrar tão bem nesta quinta partida, para fechar e sagrar-se campeão. Mas falhou... fez aquilo que ainda não tinha feito até aí, e que é tão raro acontecer, falhou um smash winner e a bola acaba na rede. O encontro terminava aí, e nós, que conhecemos tão bem RF, sabíamos disso...

Aquele smash, depois de cumpridas quase quatro horas de encontro, não mais largou a cabeça do suíço. A sua expressão facial revelava que essa bola foi considerada por Roger a sentença final. A partir daí perdeu a confiança no seu jogo e até a crença na conquista do seu 18 GS que deixaria os seus milhões de admiradores tão felizes... Tudo acabou aí, nesse smash... nesse movimento rápido diagonal... estatelado na rede. Djoko também sentiu isso e a partir daí só teve que passar as bolas para o outro lado do court. Mais sete bolas até ao final do encontro. Sete bolas tristes, cada uma das quais terminava na rede ou fora do court, com erros não forçados do suiço, como se fossem apunhalando os corações daqueles que acreditaram ainda assistir à conquista de mais um Grand-Slam para o seu ídolo.

E Roger, ao olhar à volta do Court Central de Wimbledon e observar Djokovic a saltar para a "box" da sua equipa e celebrar este troféu com os seus, foi invadido por aquela tristeza momentânea de saber que faltou tão pouco para ser ele a estar naquele lugar. Os seus olhos voltam-se na direcção da sua equipa, dos seus amigos, do seu pai, da sua esposa e das suas duas filhas. E, de repente, a vida volta a sorrir-lhe... afinal  de contas, Roger, a vida não é assim tão má...





quarta-feira, 11 de junho de 2014

Vodafone confirma: Há países com acesso direto à rede


O que já se desconfiava, está confirmado. A operadora VODAFONE confirma que há seis países que têm acesso a toda a informação do cidadão, sem ter que pedir qualquer tipo de autorização à operadora. As autoridades governamentais podem aceder às chamadas e mensagens, fazer qualquer gravação e, até, localizar remotamente o cliente através do número de telemóvel. Num relatório tornado público, a operadora procedeu à análise detalhada da legislação de 29 países. Nesse relatório (disponível aqui), a VODAFONE reporta que há visões claramente divergentes e muito pouco coerentes até entre estados membros da União Europeia. Segundo os analistas da empresa, os governos revelam pouca coerência e falta de consistência nas respostas apropriadas aos pedidos públicos de transparência legislativa. O mesmo acontece em relação às atitudes dos cidadãos em resposta às alegações de controlo governamental, que podem variar consideravelmente de país para país.


A VODAFONE divulgou ainda que há seis países que proíbem que a empresa divulgue os números de pedidos de informação dos governos, são estes a África do Sul, Albânia, Egipto, Hungria, Índia e Turquia.


Em Portugal foram feitos 28145 pedidos de informação a clientes, mas é, garantidamente, um dos países que não tem este acesso direto. Segundo a constituição, só há duas situações em que os tribunais podem autorizar o acesso à informação, no caso de investigações criminais ou se o Presidente da Republica decretar o estado de emergência ou estado de sítio.


Este tipo de notícias vem apenas confirmar que não se faz actualmente qualquer jornalismo de investigação em Portugal. Já aqui denunciei que a imprensa deste país está num estado lastimável. Não vale a pena escutar os noticiários televisivos em Portugal, algo de que eu já há muito prescindo. O leitor dos jornais, o ouvinte da rádio ou o telespectador está condenado a ver repetidamente a mesma notícia nos 3 meios. O controlo dos media por parte dos grandes grupos económicos não dá isenção e liberdade ao jornalista, que está dependente de um mísero salário para pagar as suas contas. Neste caso, foi necessário uma empresa fazer a investigação e denunciar os governos autoritários. Senhor jornalista, investigue e denuncie. Esse é o seu trabalho. Não pode limitar-se a fazer a tradução de uma notícia qualquer de outro país. Assim não, senhores jornalistas...

Somos Rafaelistas !



Como não sou, nem de perto nem de longe, fã do ténis de Rafael Nadal, estou perfeitamente à vontade para aqui publicar um texto que acabei de ler no blogue de Juan Manuel Rodriguez (El penultimo raulista vivo) intitulado "Somos Rafaelistas". Quero, com este post, honrar o homem que, segundo muitos espanhóis (talvez a maioria), é considerado o maior desportista espanhol de todos os tempos. Como homem e desportista, Rafael Nadal, encarna os valores de toda uma Nação. Uma Nação campeã do Mundo de futebol, uma nação com os melhores pilotos, os melhores futebolistas. Por isso, aqui fica um pequeno reconhecimento a este Grande Desportista!


EL PENULTIMO RAULISTA VIVO (9-6-2014)

Es complicado contener la emoción con cada victoria de Rafa Nadal. Y eso es así entre otras cosas por la forma que tiene de interpretar uno de los juegos más bellos que existen, sí, pero también por los valores de esfuerzo, seriedad, competitividad y honradez que transmite con todos sus triunfos. Rafa lleva desde los 17 años clasificado entre los cien mejores tenistas de la ATP y jamás en su vida ha protagonizado un desplante o ha sacado los pies del tiesto. Pese a que le buscan (por ejemplo cuando un tipo muy desagradable se coló en la sala de prensa para provocarle con los valores y el madridismo) nunca le encuentran y siempre sabe salir con una sonrisa de cualquier envite. De Milos Raonic, que en mi opinión está llamado a sucederle, sí podrá decirse que cuando empezó a jugar al tenis tenía un carácter de mil demonios y que tuvo que ser un español, Galo Blanco, quien obrara el milagro. Pero Nadal ha sido siempre Nadal desde el primer día, desde que ganó su primer título en Baleares con 9 años.


Es difícil contener las lágrimas con los éxitos de Rafa Nadal y es muy sencillo adoptar sus éxitos como propios porque, en unos momentos tan complicados para la nación española, su simple presencia sobre la pista y hasta el testimonio aparentemente más intrascendente (y estoy pensando, por ejemplo, en un anuncio de coches o de seguros, da igual) hace patria. Ha sido una suerte tremenda que Nadal, que es indiscutiblemente nuestro mejor deportista de toda la historia, no nos haya salido rana independentista. A nuestra España la zarandea últimamente cualquier pintamonas. El último ejemplo fue el de la intrascendente Ona Carbonell, la capitana (¡manda huevos!, que diría Federico Trillo) de la selección española de natación sincronizada, pero vendrán más en el futuro. Quien quiera a España, y afortunadamente alguno queda aún, tiene que sentirse a la fuerza emocionado y agradecido con cada uno de los títulos de Nadal porque Rafa no titubea, no carraspea ni esquiva la pregunta o juega al despiste sino que mira, emocionado, al cielo cuando suena nuestro himno nacional.


Conozco gente a la que no le gusta el tenis pero sin embargo es rafaleista. Existe cierto paralelismo entre ese sentimiento hacia el tenista y el provocado en su día por el pimer Rey Juan Carlos entre muchos republicanos: no creían en la institución pero sin embargo sí se sentían vinculados emocionalmente a la persona. Por eso me pareció tan brillante el titular de la crónica que José Manuel Puertas firmó ayer en Libertad Digital sobre el noveno Roland Garros de nuestro gran campeón: "El rey de la tierra no abdica". Rafa Nadal es un tenista insuperable que, además de todo lo anteriormente expuesto, exporta al mundo mejor que nadie eso tan hortera que dio en denominarse la "marca España". De ahí que me llame tanto la atención el silencio stampa de Miquell Cardenall i Carro, más aún si tenemos en cuenta lo rápido que tiene el presidente del Consejo Superior de Deportes el gatillo literario cuando de masajear al Fútbol Club Barcelona se trata. Mejor nos iría a todos si fuera Nadal´la cabeza visible del deporte español a nivel internacional y no el irrelevante (casi tanto como Ona Carbonell) Cardenall i Carro. Aunque, bien pensado, ya lo es, ¿no?...

domingo, 8 de junho de 2014

Roland Garros 2014 foi de Maria Sharapova

A final masculina da edição deste ano de Roland-Garros terminou há menos de 10 minutos. Não vou, porque não me apetece, escrever muito acerca desta final. Durou um pouco mais de 3 horas, mas esteve muito longe daquelas finais que estes dois jogadores já nos proporcionaram. E uma final que termina com uma dupla falta, depois da intervenção de um elemento do público, ficará para sempre manchada por isso.
 
Hoje Nadal esteve ao seu nível, mas não ao seu melhor, apenas porque não foi necessário. Já Djokovic esteve tão longe daquilo a que nos habituou, com tantas esquerdas falhadas e com uma direita que não desenvolvia. Só ele poderá explicar o que lhe aconteceu e por que razão não foi capaz de nos oferecer mais um grande duelo, que tanto apreciamos. O court é lento, as bolas não rolavam, o adversário apenas perdeu 1 encontro dos 89 que disputou em RG? Tudo isso ou mais alguma razão? Para a história ficam os parciais de 3-6, 7-5, 6-2 e 6-4.
 
A final feminina acabou por ser indubitavelmente o grande duelo deste Roland-Garros 2014! Ganhou com grande vantagem à final masculina e a qualquer outro duelo a que tive oportunidade de assistir. Só porque, ao contrário do que aconteceu com o torneio masculino, Simona Halep e Maria Sharapova jogaram ao seu melhor nível, desde o primeiro até ao último minuto, que aconteceu já com mais de 3 horas disputadas (quase tanto como a final masculina).
 
A romena tem um jogo muito equilibrado, sem pontos fracos notórios. A sua estatura não lhe permite ter um grande serviço, ao contrário da sua opositora, mas a rapidez com que se move e o excelente jogo de pés, permitem-lhe chegar sempre cedo à bola, jogando bem dentro do court. Um equilíbrio entre jogo ofensivo e poucos erros não forçados irão permitir-lhe estar no top-5 nos próximos anos e, muito provavelmente, chegar a número 1 mundial. No entanto, Muguruza e Bouchard têm a seu favor o aspeto físico, que pode fazer a diferença.

E o que dizer de Sharapova? A russa tem apenas 27 anos mas tanta experiência que já é uma veterana do ténis. Essa experiência pode ajudá-la em certas situações do jogo, como na conquista das 4 últimas partidas deste torneio, após ter perdido o primeiro set. Mas para quem, como eu, tem acompanhado os últimos anos do ténis feminino, observou uma nítida melhoria do aspeto físico e da movimentação da russa dentro do court. Mas o que mais me surpreendeu foi o espírito de sacrifício que esta modelo russa ganhou neste último ano, correndo no fundo de court atrás de cada bola e disputando cada ponto com aquela garra que a caracteriza (como se vê na foto).
 
Maria Sharapova elevou o nível do seu ténis e eliminou as 3 revelações deste torneio (Murguruza, Bouchard e Halep) e ainda uma ex-campeã de Roland-Garros (Samantha Stosur), depois de ter perdido o primeiro set. Já aqui escrevi que não apreciei nada o jogo da russa quando tive oportunidade de assistir ao vivo a uma meia-final de RG. No entanto,  parece-me que esta trajetória demonstra bem a capacidade física, psicológica e tática desta grande campeã, que foi a grande heroína deste Open de França de 2014. Parabéns Maria!

Roland Garros 2014: um Grand-Slam de desilusões

Esta edição de 2014 do Torneio Roland Garros tem sido uma verdadeira desilusão. Na verdade, em jeito de balanço antes das finais feminina e masculina, são mais os nomes que desiludiram nos courts parisienses do que aqueles que se revelaram ao mundo.
 
O céu carregado e a chuva que tem brindado as últimas edições apareceram este ano com ainda mais frequência e as primeiras rondas foram jogadas por entre os pingos de chuva que teimavam em caír. O mau tempo que continua a fazer-se sentir nos últimos dias de maio e primeiros de junho arrefeceu os jogadores e retirou entusiasmo ao público. Nestas alturas, o calor e o azul do ceu australiano são imagens permanentes nas nossas mentes...
 
Mas o ténis lá acabou por aparecer na segunda semana. E o que vimos? A eliminação precoce de Serena Williams, Na Li, Petra Kvitova, Samantha Stosur no torneio feminino. Dias maus para Roger Federer e Tomas Berdych e um dia péssimo para Andy Murray (derrotado numa meia final que durou pouco mais de 1h30).
 
E os grandes duelos a que nos habituámos a assistir em Grand-Slams estiveram longe de acontecer, pelo menos até às finais deste fim de semana. No meio de tanta desilusão, há três grandes revelações, todas no feminino.
 
A espanhola, natural da Venezuela, Garbine Muguruza elevou o nível do seu ténis e, depois de eliminar a grande favorita Serena Williams, esteve muito perto de eliminar a russa Sharapova. E quem, aos 20 anos, é capaz de se bater de igual para igual com estas lendas do ténis atual, terá certamente um futuro promissor. E o que dizer de uma jovem canadiana de 19 anos que atingiu meias-finais dos dois Grand-Slams de 2014? Eugenie Bouchard jogava há exatamente dois anos no court 18 de Roland-Garros com não mais de 6 pessoas a assistir (entre os quais eu me incluía). 2 anos mais tarde ganhava o primeiro set a Maria Sharapova num lotado Philippe Chatrier.

Mas, aconteça o que acontecer, a grande estrela desta edição de Roland-Garros foi a romena Simona Halep. A jovem e "pequena" romena apresentou o melhor ténis e espalhou charme pelos courts e pelos estúdios de televisão. Com uma esquerda forte e um jogo agressivo muito equilibrado, Halep é já considerada o Djoko do ténis feminino, a meu ver com muito sentido.
 
 
Ernest Gulbis foi o único jogador masculino que terá ido mais além do que aquilo que se esperava. Derrotou Federer e Berdych, aproveitando dias menos bons dos adversários, mas quando defrontou um ex-número um a jogar ao seu melhor nível (Djokovic) ofereceu a resistência possível. Diria que foi mais uma confirmação do que uma revelação, até porque o jogador letão já tem 25 anos e alguns títulos ATP no seu curriculo.
 
Maria Sharapova, Rafael Nadal e Novak Djokovic não desiludiram e chegaram onde se esperava que chegassem. Os três campeões atingiram a final de RG com muito mérito e, aconteça o que acontecer, sairão de Paris com a sensação do dever cumprido.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

European Best Destination 2014

 


Nem Roma nem Barcelona, nem sequer Londres, Paris ou Berlim. A votação online no Porto para melhor destino europeu cilindrou a concorrência de peso: contas feitas, a Invicta, confirmou a organização do evento à Fugas, conseguiu 14,8% dos votos, muito à frente da segunda classificada, a croata Zagrebe (10,2%). A votação decorreu online, aberta a todos, entre 22 de Janeiro e 12 de Fevereiro. O top 5 europeu completa-se com Viena (Áustria), Nicósia (Chipre) e Budapeste (Hungria).
 
É a segunda vez que o Porto vence a competição European Best Destinations (EBD) promovida pela European Consumers Choice, "organização sem fins lucrativos de consumidores e especialistas", com sede em Bruxelas, que "avalia produtos e serviços", além de realizar rankings turísticos. Este ano, segundo dados da organização, foram batidos "todos os recordes" neste que é "o maior evento de e-turismo na Europa", congregando "centenas de milhares de viajantes": no total, foram apurados 228.688 votos.
 
"Queremos felicitar as autoridades municipais pelo excelente trabalho realizado durante estas três semanas de mobilização, flash mob, vídeos e divulgação", adiantou à Fugas Maximilien Lejeune, director de relações públicos dos European Best Destination. Foi "um chamamento ao voto com uma belíssima energia", para o qual contribuíram, refere, o "Turismo local ou os voluntários" que promoveram a eleição da cidade.
 
O Porto sucede a Istambul, vencedor da 4.ª edição do troféu, em que Lisboa ficou classificada em 2.º lugar (apenas 0,2% cento separaram as duas cidades). Aliás, Portugal tem tido uma prestação muito bem-sucedida desde o primeiro ano em que se realizou a votação: em 2010, foi precisamente a capital portuguesa a vencer. Seguiu-se Copenhaga em 2011 e a vitória portuense em 2012. Segundo as regras, o destino vencedor num ano não entra na competição no ano seguinte.
 
Ao Porto, chegará agora o troféu oficial de European Best Destination 2014 mas a distinção traz outras mais-valias para além da promoção inerente à utilização da chancela. No site oficial dos EBD, a cidade terá direito a um guia online actualizado (com versões em inglês e francês).
 
E razões para a nova vitória portuense, para além da mobilização online? "O Porto é muito mais que a comida, muito mais que a história, até mais do que as paisagens e o maravilhoso Douro, mais que o mar. O Porto é um destino vibrante, um destino que tem muito mais para oferecer aos viajantes", diz-nos o responsável dos EBD. Lejeune, que se confessa "fã" da região, refere que "houve uma competição feroz este ano, entre localizações belíssimas" mas "todos concordarão que o Porto é realmente o destino que fará o maior avanço no turismo europeu". "Provavelmente, porque o Porto nunca perdeu, e mantém, a sua identidade, a sua alma", resume. "Provavelmente por causa do seu povo, do seu orgulho, da sua energia, do seu entusiasmo.”

Top 10 - European Best Destinations 2014
1 - Porto, Portugal (14,8%)
2 - Zagrebe, Croácia (10,2%)
3 - Viena, Áustria (10,1%)
4 - Nicósia, Chipre (7,3%)
5 - Budapeste, Hungria (7,1%)
6 - Madeira, Portugal (6,9%)
7 - Milão, Itália (6,6%)
8 - Madrid, Espanha (6,4%)
9 - Berlim, Alemanha (6,3%)
10- Roma, Itália (6,1%)




domingo, 9 de fevereiro de 2014

Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios (1 Coríntios 13)

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
 
E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a , de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada seria.
 
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria.
 
O Amor é paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade.
 
Tudo tolera, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. O Amor nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado.

Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
 
Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
 
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o maior destes é o Amor.
 


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O crime compensa

 Os Juízes da 8.ª Vara Criminal de Lisboa acabaram de assinar uma declaração onde se lê, claramente, "Em Portugal o crime e a corrupção compensam".
 
O estimado leitor já terá sido muito provavelmente confrontado com uma declaração das finanças (agora Autoridade, que dá um ar mais temerário ao pobre contribuinte) onde, por um atraso de 1 dia, foi obrigado a pagar o que devia e mais uma multa de várias dezenas de euros. A mim já me aconteceu várias vezes, a começar no mero imposto de circulação.
 
Pois fique o contribuinte sabendo que ficou hoje provado que três senhores, entre os quais um dito ex-deputado do CDS, de nome Ismael António dos Santos Gomes Pimentel, desviaram uns cheques da Gebalis - Gestão de Bairros Municipais de Lisboa, no valor de 38 mil euros.
 
Como o cheque apareceu na conta do dito deputado, e as provas eram por demais evidentes, foram hoje condenados a penas de prisão entre os três e quatro anos. E consegue imaginar o incauto contribuinte, o mesmo que tem de pagar o que deve mais a multa por 1 dia de atraso às finanças, o castigo para estes senhores?
 
Pois eu informo-o. Mário Peças, o ex-administrador da Gebalis, terá de pagar 10 mil euros. Ismael Pimentel, o tal ex-deputado, vai ter de devolver seis mil euros. E o terceiro elemento, Jorge Lopes, mil euros.
 
Se os juízes não sabem fazer contas de cabeça, poderiam ter usado uma simples calculadora para saberem que esta soma dá 17 mil euros, ou seja menos de metade do valor desviado.
 
Hoje à noite os três acusados e condenados foram jantar ao melhor restaurante de Lisboa, pagaram com o dinheiro do incauto contribuinte e ainda lhes sobrou algum para comprarem um Rolex e ainda oferecerem uma mala Louis Vuitton às esposas ou amantes. Aliàs, para irem com elas passar um week-end em Paris, tudo pago com o dinheiro do contribuinte e do funcionário público que viu o rendimento da sua família ser cortado em 25% nos últimos 4 anos.
 
Aos senhores Juízes da 8.ª Vara Criminal de Lisboa eu só tenho a dizer: Em Portugal o crime e a corrupção compensam...






quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Jogos Olímpicos em Estocolmo? Não, obrigado.



Os grandes eventos desportivos internacionais são vistos como uma oportunidade para o país organizador ganhar notoriedade em todo o mundo, mas para algumas nações o esforço financeiro exigido pode não valer a pena.


Um desses exemplos pode ser encontrado na capital sueca, Estocolmo, que rejeitou organizar os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022. No final da semana passada, a assembleia municipal da cidade não aprovou a organização da competição, com o apoio da autarquia e do próprio governo.

"Não posso recomendar à assembleia municipal que dê prioridade à realização de um evento olímpico", afirmou o autarca Sten Nordin, em declarações reproduzidas pela BBC. "Precisamos de dar prioridade a outras necessidades, como a construção de mais casas na cidade", acrescentou.

O próprio governo sueco mostrou-se contra a organização dos jogos, por considerar que a estimativa de custos era muito otimista, e não incluir, por exemplo, a despesa com a segurança. "O prejuízo vai acabar por ser pago pelos contribuintes", alertou o primeiro-ministro Fredrik Reinfeldt em dezembro.

Há realmente muitas diferenças entre as nações pobres (de espírito e economia) do sul da europa e as nações ricas do norte da europa. Na verdade, já é impossível ignorar este choque de mentalidades entre o Norte civilizado e o Sul que não soube lidar com o novo-riquismo pós moeda única. É facilmente compreensível que eles nos olhem como nós olhamos hoje os angolanos ou os catarenses. Mas com uma grande diferença, Angola e Catar são países ricos, produtores de petróleo, mas pobres em educação, ciência e cultura. Portugal, Espanha e Grécia são países pobres que pretenderam enganar o Mundo, e os próprios cidadãos, com organizações megalomanas, como foi o Euro 2004 ou JO Atenas 2004. 

E foi logo aí que tudo se começou a desmoronar. Isto porque, ao contrário dos políticos suecos, os pequeninos e míopes governantes do sul da Europa não deram prioridade a outras necessidades, como a construção de novas casas, novas creches, escolas ou lares de terceira idade, etc.

Enquanto uns se endividam para poder oferecer automóveis aos filhos, os dinamarqueses e suecos andam de bicicleta e têm na garagem uma carrinha Volvo com 20 anos mas muita segurança. Enquanto uns se endividam para construir estádios de futebol, hoje decadentes e sem qualquer utilidade, os suecos constroem casas para os mais desfavorecidos.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

AO 2014: os melhores momentos

Terminou o Australian Open.

O melhor torneio em termos de ambiente, de adeptos e cobertura televisiva terminou com a vitória de Na Li e Stanislas Wawrinka.

Dois campeões inesperados mas justos!

Maiores desilusões: Novak Djokovic, Serena Williams e Victoria Azarenka.

Melhores surpresas: Stanislas Wawrinka, Eugenie Bouchard e Roger Federer.

Não terá sido o torneio mais competitivo e bem disputado dos últimos anos (a final de 2012 entre Djoko e Rafa é inesquecível), mas em organização, ambiente, calor humano (e não só!) e espetáculo televisivo continua imbatível.

Aqui ficam os melhores momentos deste AO 2014.

Obrigado, Aussies !!

domingo, 26 de janeiro de 2014

Stanislas Wawrinka



 
O campeão do Portugal Open, foi o justo vencedor deste Australian Open 2014. Numa final inédita, que opos o suiço Stanislas Wawrinka a Rafael Nadal, o atual oitavo jogador do ranking ATP retirou ao maiorquino a possibilidade de igualar os 14 títulos de Grand-Slam de Sampras, vencendo por 3 sets a 1, com parciais de 6-3, 6-2, 3-6 e 6-3.
 
Muito se irá escrever nos jornais acerca dos problemas nas costas de Nadal. Espero, no entanto, que a justiça seja feita ao suiço que foi o primeiro jogador a bater num mesmo torneio Djokovic e Nadal, atuais números dois e um respetivamente. Um feito que não poderá passar despercebido e que, além de ter ultrapassado Berdych e Robredo, em encontros de grande intensidade competitiva, cria uma certa unanimidade em torno da justeza desta vitória. Digamos que foi um desfecho inesperado, mas justo!
 
A história desta final, bem ao contrário das duas últimas deste Grand Slam, resume-se ao primeiro set. E aí, apesar de ser a primeira final do jogador helvético, ficou bem patente a superioridade de Stan, "the man"...
 
A mais bonita e eficiente epancada de esquerda do circuito masculino (ver post do Portugal Open) conseguiu atirar Nadal para fora do court, onde ele tanto gosta de estar, permitindo ao suiço terminar os pontos com a sua esquerda paralela, hoje muito eficaz.
 
O maiorquino cedo percebeu que hoje enfrentava um adversário muito forte fisicamente, psicologicamente e com um ténis potente. Com winners de direita cruzada e esquerda paralela, Wawrinka fez tremer Nadal, que ia ficando cada vez mais tenso e impotente.
 
Apesar de não gostar do estilo, considero Rafael Nadal um exemplo de profissionalismo e humildade no ténis. Por isso, longe a teoria de ter arranjado uma desculpa quando perdeu categoricamente o primeiro set e já perdia o segundo. Mas acredito que a tensão do espanhol, aliada à frescura física de Wawrinka que o obrigava a deslocar constantemente para as linhas laterais, estiveram na origem da lesão nas costas.
 
Por isso, e como esta final terminou aí (parece-me uma boa atitude ter-se continuado a bater até ao match point), nós, os apaixonados do ténis, só temos que agradecer ao campeão do Portugal Open ter-nos proporcionado os melhores momentos de ténis deste Grand Slam.
 
Considero que o encontro, disputado em cinco sets, entre Djokovic e Wawrinka foi a final que este Australian Open não chegou a ter. Acredito que se Roger Federer tivesse vencido o tie-break da primeira partida das meias frente a Nadal, poderia ter chegado à final e aí lutar com o seu compatriota suiço. Terá sido uma oportunidade perdida, e o próprio sabe-o bem.
 
Mas, mesmo numa hipotética final helvética, se Stanislas não se deixasse inferiorizar por estar a defrontar a lenda suiça do ténis, atualmente teria ténis para conquistar este Grand Slam da Ásia Pacífico.
 
 
 
 
Parabéns ao suiço de Lausanne, que já é o terceiro melhor jogador do mundo!
 
 
 
 
 

 
 



quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Dominika Cibulkova


Sempre apreciei o estilo aguerrido de Dominika Cibulkova, a pequena eslovaca que acaba de fazer história no seu percurso pessoal e nunca esteve tão perto de fazer história no ténis eslovaco. Quando há cerca de dois anos visitei Bratislava, estive muito próximo do complexo de ténis onde nasceu esta estrela do ténis feminino e onde atualmente treina. É conhecida no seu país, participa em diversas campanhas publicitárias, mas estava longe de ser uma heroína nacional. No próximo sábado poderá vir a sê-lo...
 
1,61m foram muito mais do que suficientes para vencer a favorita Agnieszka Radwanska, número cinco do mundo, por 2 sets a 0, parciais de 6-1 e 6-2, em apenas 1h10.

Após a chinesa Na Li confirmar o seu favoritismo, batendo a canadiana Eugenie Bouchard e garantir um lugar na final, foi a vez de Cibulkova voltar a surpreender e avançar à finalíssima do primeiro Grand Slam do ano.

Esta será a primeira final de Grand Slam da carreira de Cibulkova, que não deu qualquer chance à adversária. Com muita atitude desde início, a jovem eslovaca comandou todos os pontos, quer no seu serviço quer no serviço da polaca. É certo que Radwanska estava desgastada fisica e mentalmente depois do jogo de ontem contra a bi-campeã do Australian Open Victoria Azarenka. Mas o jogo lento, pensado, estratégico da "Professora" não teve a menor chance perante a atitude aguerrida que Cibulkova imprimia em todos os pontos. Ficou a nítida impressão que Radwanska nem teve tempo de aquecer, quanto mais praticar aquele ténis que desfaz a cabeça das suas adversárias e, por vezes, do público.

Os números mostram a clara superioridade de Cibulkova que, muito justamente, conquistou o seu lugar na final do primeiro Grand Slam do ano.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Digno de uma final


Wawrinka e Djokovic proporcionaram na Rod Laver Arena, esta terça-feira, o melhor duelo até ao momento deste Grand-Slam da Ásia-Pacífico.

Foram cinco partidas cheias de emoção, com quase 100 winners, na qual a direita de Novak esteve uns furos abaixo e a esquerda a uma mão (por muitos considerada a esquerda mais estilosa do circuito) de Stanislas esteve muitos furos acima. E só assim o suiço conseguiu desfeitear o sérvio, vingando assim as derrotas do AO e US Open do último ano.

Muito se irá discutir nos próximos dias acerca da contratação de Boris Becker. Mas se é certo que Stan está a jogar ténis de muito bom nível, com muita confiança, não me parece menos seguro que o melhor Novak tem (ou tinha) ténis suficiente para bater o melhor Stan. 

Foram mais de 4 horas, dignas de uma final de um Grand-Slam. Parabéns Stan!

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Sorri Agnieszka



Agnieszka Radwanska pode até ser uma jogadora muito querida entre os seus colegas do ténis. Não sei, porque poucas vezes a vi fora do court ou a ouvi falar. Mas tenho que começar por admitir essa possibilidade.

Mas dentro dos courts, esta polaca é uma jogadora fria (como tantas outras ditas de "leste"), que não transmite uma emoção. De aparência frágil e quase esfíngica, esta polaca não esboçou um sorriso, nem sequer um "come on", durante os 77 minutos que durou o encontro de hoje frente à grande surpresa feminina deste Australian Open, Garbine Muguruza.

44 minutos decepcionantes que nada tiveram a ver com a magnífica exibição da jovem tenista espanhola contra a ex número um Caroline Wozniacki. E tal não seria de prever, tendo em atenção que as amigas de origem polaca Wozniacki e Radwanska têm um estilo de ténis parecido. Na verdade, e para ser justo, não as queria chamar pushers comparando-as a Monica Niculesco. Caroline evoluiu no último ano e tem se esforçado por bater mais forte na bola, por fazer pontos ganhantes. Ao contrário, Agnieszka mostrou hoje que se mantém bem fiel ao seu estilo, que a levou a número 5 mundial, devolvendo todas as bolas e lançando uma teia venenosa contra as suas adversárias, tenisticamente muito mais dotadas, evitando que elas aqueçam a "mão", variando entre slices, amorties, bolas fundas, cerca de metade das quais bem no meio do court evitando dar ângulos à adversária e limitando-se a esperar pelo inevitável erro...

Diria que Radwasnska é uma pusher disfarçada, muito inteligente e taticamente muito evoluída. Com a alcunha de "Professora", quem quiser saber como desfazer a cabeça do adversário, tirando-lhe confiança, só tem que observar com atenção este encontro.

Apenas alguns números que dizem tudo. Aos 20 minutos de jogo, o resultado era 1-1. Seguiu-se um terceiro jogo que durou tanto como alguns sets com Muguruza a atacar e Radwanska a devolver as bolas todas. Aos 38 minutos o resultado era de 3-1 para a polaca, o que dá uma média de 10 minutos por jogo. E, claro, o encontro terminou aí. Com a espanhola fisicamente e mentalmente de rastos, a sua juventude e a falta de experiência em Grand-Slams, ditaram o fim do encontro. Penoso para a promissora jovem tenista e penoso para quem assistiu ao vivo ou na televisão. Só foram necessários mais 6 minutos para fechar o set por 6-1. E o segundo set foi mais do mesmo, concluído em 33 minutos pelos parciais de 6-3. Resumindo, 40 minutos para desgastar e 30 minutos para resolver o encontro.

Com 23 winners contra 9, Garbine Muguruza foi obrigada a cometer 44 erros não forçados. A espanhola evoluiu muito neste torneio, vai subir umas quantas posições no ranking e ficou a perceber que não chega a sua direita potente para bater certas adversárias, terá que subir mais à rede e tentar terminar aí os pontos. Dotada de um físico invejável, terá certamente um futuro promissor à sua frente, se for bem aconselhada.



A Professora Agnieszka tem que sorrir mais, tirar mais prazer do ténis e dar mais prazer aos adeptos desta modalidade. Porque se todos fossem como ela, o ténis já tinha acabado como desporto de massas.
   

Agostinho Branquinho, de lobbyista a Secretário de Estado

Não sei quem é Agostinho Branquinho. Nem quero saber, na verdade!
Mas, a acreditar na notícia do Público deste 19 de janeiro, é um lobbyista, um amigo de um corruptor, um prejudicado pelos corruptos, um consultor da PWM que não declara os rendimentos à Assembleia da República. Que é sinonimo de "deputado do PSD com direito a promoção"...

Até aqui, tudo normal... em Portugal! 
Até porque, segundo o próprio, cumpriu "no plano ético e legal todas as obrigações a que estava obrigado". 

A minha única surpresa (melhor dito, meia-surpresa) é que este deputado foi promovido em Julho passado, exatamente na altura em que os seus amigos corruptores e corruptos eram pronunciados pelo Tribunal, a Secretário de Estado da Segurança Social.

E ainda há quem tenha consideração por esta gente? E ainda há quem vote nesta gente?


A NOTÍCIA DO PÚBLICO (19-01-2014)
Faz agora seis anos, um deputado do PSD reuniu-se, a seu pedido, com o presidente da Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN).O motivo do encontro não se prendia com as suas funções parlamentares, nem com o funcionamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) na região. Antes pelo contrário. Tratava-se de fazer o ponto de situação do processo de instalação de um hospital privado.

Mas na verdade esse também não foi o tema central da conversa. O deputado tratou, sobretudo, de denunciar um alegado caso de corrupção que envolveria dois funcionários da ARSN. Com ele encontrava-se alguém que, em reuniões anteriores, apresentara como seu amigo e que era o rosto da empresa proprietária do hospital que esperava licença para abrir.

Surpreendentemente, esse amigo era um dos alegados corruptores dos funcionários denunciados. E o deputado queixava-se de que ele passara a ser prejudicado pelos corruptos, porque deixara de os corromper dois anos antes.

A aparente incongruência da iniciativa podia, porém, ter uma explicação e um objectivo estratégico: estreitar laços com a direcção da ARSN, através da denúncia, e facilitar o licenciamento do hospital, que acabara de ser formalmente requerido.

Os nomes
O amigo do deputado chama-se Joaquim Ribeiro Teixeira e era — e continua a ser — o administrador único da empresa proprietária do Hospital de S. Martinho (HSM), em Valongo, perto do Porto. Devido aos factos denunciados ao presidente da ARSN foi ele próprio pronunciado por corrupção activa este Verão, por um juiz de instrução criminal, aguardando a marcação do julgamento, conforme o PÚBLICO noticiou em Agosto.

O deputado chama-se Agostinho Branquinho e é, desde Julho, secretário de Estado da Segurança Social.

O HSM pertence a uma sociedade anónima — a PMV, cujos donos são desconhecidos — e foi oficialmente inaugurado em Maio de 2008.

Logo após a reunião com o então presidente da ARSN, o médico Maciel Barbosa, Agostinho Branquinho desenvolveu uma fortíssima campanha de promoção do futuro hospital através das televisões e dos jornais. Falando em nome da PMV, aproveitou sempre para se queixar da demora do Ministério da Saúde na emissão da licença do HSM, embora a mesma tivesse sido requerida apenas duas semanas antes.

Nessas intervenções apresentou-se invariavelmente como consultor da empresa. Mas essa actividade privada, ao contrário de outras que então exercia, nunca foi declarada no registo de interesses da Assembleia da República, nem no Tribunal Constitucional, como a lei impunha.

Num texto escrito em que respondeu sumariamente a uma pequena parte das perguntas que o PÚBLICO lhe dirigiu, Branquinho afirma que começou a trabalhar no lançamento do HSM durante o Verão de 2006, como consultor de Joaquim Teixeira e da PMV — empresa que já explorava duas policlínicas na região.

Nessa altura, o pedido de licenciamento do hospital estava muito longe ser formalizado, algo que só veio a acontecer a 17 Janeiro de 2008, precisamente cinco dias antes da reunião em que o deputado e o empresário denunciaram os dois funcionários da ARSN.

O consultor
Apesar disso, quando se iniciou a colaboração de Branquinho com Teixeira, de quem era amigo desde a época em que ambos foram funcionários do Hospital de Gaia, nos anos de 1970, o então deputado tinha muito trabalho pela frente. Além de preparar o “plano estratégico” do hospital, tinha de desenvolver o que ele próprio define como “um programa de acções para promoção e desenvolvimento institucional” da futura unidade hospitalar.

Por outro lado, o edifício do HSM estava em construção, mas as obras estavam a ser feitas à margem da lei, ainda que com o beneplácito da Câmara de Valongo (ver texto à parte). E era preciso resolver inúmeros problemas relacionados com as convenções com o Serviço Nacional de Saúde e com as licenças de algumas actividades clínicas que começaram a ser desenvolvidas logo em 2006, sem autorização da ARSN, nos dois primeiros pisos do prédio.

Ainda nesse ano, Teixeira e Branquinho reúnem-se com o presidente da ARSN e os contactos prosseguem em 2007. Em Setembro, Teixeira — que se recusou a falar ao PÚBLICO — escreve a Maciel Barbosa manifestando o desejo de “alargar a parceria” da PMV com o Serviço Nacional de Saúde. E transmite-lhe um outro desejo: abrir logo em Dezembro a totalidade do hospital — já com a zona de internamento e o bloco operatórios nos pisos superiores —, “caso seja possível obter a autorização das entidades competentes”. Nessa altura, contudo, não só não tinha sido ainda requerido o licenciamento do hospital junto do Ministério da Saúde, como o projecto das obras dos pisos superiores, apesar de estas estarem a chegar ao fim, nem sequer tinha sido entregue na Câmara de Valongo.

Na carta de Setembro de 2007, Teixeira pede também uma audiência para fazer o ponto de situação dos projectos da PMV e para “acertar a possibilidade de o Governo [de José Sócrates], através de um responsável político ou da própria ARS, poder estar presente numa cerimónia de inauguração [do HSM] numa data a agendar que fique próxima do fim do ano”.

A denúncia
Meses depois, a 22 de Janeiro de 2008, Maciel Barbosa recebe Branquinho e Teixeira para falarem do licenciamento do HSM e de outros problemas da PMV, mas a conversa centra-se na denúncia dos dois funcionários da ARSN. Alegadamente, os denunciados prestavam serviços remunerados a empresas privadas da área da saúde, utilizando informação privilegiada e agilizando ou retendo os processos, conforme os interesses de quem lhes pagava.

Branquinho exibiu mesmo alguns documentos, que, supostamente, provavam que o seu cliente e as suas empresas estavam a ser prejudicados por aqueles funcionários.

Na documentação consultada pelo PÚBLICO na ARSN não é claro que os denunciantes tenham então revelado que o próprio Teixeira lhes pagara durante vários anos, mas Maciel Barbosa disse ao PÚBLICO que sim. “O senhor Teixeira disse que se cansou do negócio e que se sentia com medo de révanches”, recordou o médico no mês passado.

Depois de ouvir o que ouviu, o presidente da ARSN ordenou de imediato a abertura de um processo de averiguações, através de um despacho em que não refere a presença do deputado na reunião. E logo no fim de Março participou as conclusões dos seus auditores à Polícia Judiciária.

No primeiro encontro com Joaquim Teixeira e a sua secretária, os auditores da ARSN ficaram a conhecer os pormenores. O empresário explicou que pagara durante vários anos os serviços dos denunciados com “honorários mensais e bens materiais”, como um automóvel e telemóveis. Em 2006, afirmou, pusera fim a essa situação, por achar que “não era saudável manter qualquer ligação às pessoas em causa” — devido ao facto de elas estarem a ser investigadas pelo Ministério Público, a propósito das suas relações com outras empresas de serviços médicos.

Na reunião seguinte, nas instalações do HSM, o empresário, depois de lhe terem sido dadas a ler as declarações feitas no primeiro encontro, confirmou o que estava escrito no auto. No entanto, lê-se na acta redigida pelos auditores, “viu-se no dever de deixar à consideração do dr. Agostinho Branquinho, deputado na Assembleia da República, a desempenhar funções de assessoria no HSM”, se devia assiná-lo ou não.

“Joaquim Teixeira solicitou licença para dar a conhecer o conteúdo do auto de declarações ao dr. Agostino Branquinho, na sala ao lado da nossa reunião, uma vez que estaria em causa a imagem política do mesmo, que era necessário preservar”, prossegue o documento.

Quem manda?
De acordo com os auditores, “após uma rápida leitura”, Branquinho “tomou a iniciativa de integrar a reunião, vindo esclarecer quais os motivos que o levaram a não concordar com o facto de os declarantes Joaquim Ribeiro Teixeira e Zaida Cunha [a sua secretária] assinarem os autos de declarações”.

A acta relata depois que, segundo o deputado, “ficou acordado” com o presidente da ARSN, na reunião em que foi feita a denúncia, que Joaquim Teixeira colaboraria na obtenção da verdade. “No entanto, frisou [ficou também acordado] que as [suas] declarações não passariam para além do fornecimento de pistas orais, de forma a orientar-nos na investigação.”

Neste contexto, acrescenta o documento, “o dr. Agostinho Branquinho decidiu que os declarantes em questão não assinariam os aludidos autos (...) porque poderiam comprometer, em termos judiciais, as pessoas que os assinassem e as instituições que representam, ficando com uma cópia do auto declarações preliminares do dr. Joaquim Ribeiro Teixeira”.

Face aos esclarecimentos dados pelos auditores sobre a natureza dos autos, Branquinho “acordou pensar sobre o assunto” e sobre “a eventualidade de elaboração de uma declaração comprovativa” de que os denunciados tinham desempenhado funções “nas entidades que representa, conforme descrito nos autos”.

Na mesma reunião, os auditores confrontaram Joaquim Teixeira com vários documentos, concluindo que a intervenção daqueles funcionários colocara as suas empresas “numa posição privilegiada, em termos de concorrência com as demais”. Passada uma semana, a secretária do empresário telefonou aos auditores informando que, “após conversa” com Agostinho Branquinho, fora decidido “não emitir qualquer declaração escrita” pelos motivos apontados pelo deputado na reunião.

Dois meses depois, ainda o licenciamento do hospital estava em curso, a Polícia Judiciária começou a investigar o caso. Joaquim Teixeira acabou por colaborar, entregando mesmo a prova dos pagamentos feitos aos denunciados.

Mas não conseguiu convencer o Ministério Público nem o juiz de instrução de que tais pagamentos retribuíam apenas serviços contabilísticos — conforme alegou o seu advogado, Francisco Pimentel. Tal como os denunciados, que entretanto foram suspensos e demitidos das suas funções (um dos casos ainda está pendente em tribunal), Joaquim Teixeira foi este Verão, passados mais de cinco anos da denúncia, pronunciado por corrupção activa.

Lobbyista ou sócio?
O que parece claro é que Branquinho e Teixeira optaram por denunciar os funcionários sem contar com este desfecho, numa altura em que precisavam de ter boas relações com a direcção da ARSN. Maciel Barbosa não hesita em afirmar que o papel de Branquinho neste caso não foi o de um vulgar lobbyista que se queixa das dificuldades do seu cliente junto da administração pública.

Fiquei sempre com a ideia de que o dr. Agostinho Branquinho tinha uma quota ou um qualquer interesse no hospital, qual não sei. Ele não era apenas um lobbyista, um deputado que queria meter uma cunha para um amigo.” O então responsável dos serviços de saúde na região garante, contudo, que “não foi por o dr. Branquinho lá ter interesses que as regras não foram cumpridas com rigor e parcimónia”.

E acrescenta: “O que eu lhe dizia era que os processos entram nos serviços e que a ordem de entrada é rigorosamente respeitada. Ninguém passa à frente de ninguém.”

Os arquivos da ARSN sugerem de facto que a estratégia do deputado não terá sido muito bem sucedida. Não só não surtiram efeito os pedidos para que o HSM fosse inaugurado antes do fim de 2007, como a cerimónia teve de esperar pelo mês de Maio do ano seguinte.

A ideia de abrir ainda em 2007 — que chegou a ser referida no convite dirigido por Teixeira ao então ministro da Saúde Correia de Campos para presidir à inauguração — assentava no pressuposto de que tudo era possível: até abrir o hospital sem ele estar licenciado. Como isso não aconteceu, Branquinho recorreu à comunicação social para facilitar a emissão da licença do Ministério da Saúde, dizendo repetidamente que ela estava iminente, embora tivesse sido requerida apenas duas semanas antes.

Ao que tudo indica, não o fora mais cedo porque a PMV ainda não obtivera a licença de utilização do edifício do hospital. Os documentos entregues com o requerimento dirigido ao director-geral de Saúde no início de Janeiro de 2008 evidenciam que Câmara de Valongo autorizou a utilização do edifício apenas a 21 de Dezembro do ano anterior. E fê-lo 11 dias depois de ter emitido a licença para a construção dos seus três pisos superiores, que aliás já estavam completamente prontos havia vários meses (ver outro texto).

Consultoria gratuita?
Uma vez requerida a autorização de abertura do hospital, os factos confirmam que a ajuda do deputado continuou a não ter efeitos imediatos, embora os problemas surgidos se tenham resolvido rapidamente. No início de Fevereiro, a PMV foi obrigada a reformular o requerimento, que fora dirigido ao director-geral de Saúde em vez de o ser ao presidente da ARSN. Além disso, teve de corrigir muitas peças do processo e apresentar outras que eram obrigatórias e não tinham sido entregues.

Ainda em Fevereiro, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) procedeu à vistoria das instalações em Valongo, concluindo que as mesmas não reuniam “as condições mínimas exigíveis para a emissão de parecer favorável” ao licenciamento. O bloco operatório, por exemplo, apresentava-se “sem condições” para ser usado, designadamente porque nenhuma das três salas de operação possuía a “dimensão mínima regulamentar”.

No início de Março, Maciel Barbosa reuniu-se com Agostinho Branquinho, Joaquim Teixeira e representantes da ACSS para analisar a situação. Nas semanas seguintes foram feitas algumas correcções recomendadas pela ACSS. Em meados de Abril foi feita uma nova vistoria, agora na presença de Branquinho e Teixeira. Desta vez, os técnicos do Ministério da Saúde concluíram que o hospital já reunia as “condições essenciais” para funcionar com 47 camas de internamento, bloco operatório e consultas externas — embora com algumas condicionantes.

A 28 de Abril, o conselho directivo da ARSN aprovou a emissão de uma “autorização provisória de funcionamento”, ficando a licença definitiva dependente da observância das condicionantes estabelecidas. No final do mês seguinte, porém, a ACSS deu como cumpridas essas condicionantes e a ARSN aprovou a licença definitiva.

Nas suas respostas ao PÚBLICO, Agostinho Branquinho afirma que desenvolveu “uma actividade de consultadoria para a PMV”, a qual cessou “no segundo semestre de 2008 com a inauguração formal das instalações”. Quanto ao facto de não ter declarado essa actividade à Assembleia da República e ao Tribunal Constitucional escreveu apenas: “Cumpri, no plano ético e legal, todas as obrigações a que estava obrigado.”

Questionado sobre se tinha trabalhado gratuitamente para a PMV durante dois anos — uma vez que na declaração de rendimentos de 2008 que entregou ao Tribunal Constitucional apenas fez constar o seu vencimento como deputado (55.239 euros) —, o actual secretário de Estado respondeu que a PMV lhe pagou adiantado: “Essa minha colaboração obedeceu a um orçamento apresentado e foi liquidada em quatro prestações em 2006.”

Denúncia ou arma?
Para o advogado dos funcionários da ARSN que foram denunciados por Branquinho e Teixeira, o objectivo de tal denúncia não oferece muitas dúvidas. “Tudo parece ligar-se ao licenciamento do Hospital de S. Martinho”, afirma Pedro Ribeiro no pedido de abertura de instrução do processo que entregou no tribunal em 2012.

“A referida denúncia parece ter servido apenas como ‘arma’ no jogo do processo de licenciamento” do HSM e foi feita numa reunião realizada “a pedido” do então deputado, lê-se no documento. Mais concretamente, o advogado escreve que esse processo indicia “uma envolvente de pressão política e de eventual tráfico de influências”, sustentando que “é crucial” apurar quais os interesses que Branquinho tem ou tinha naquele hospital.

“A verdade”, acrescenta, é que “toda a gente tentou tornar invisível” a sua intervenção neste caso, a começar por ele próprio. O advogado refere também que foi o deputado “quem sempre e mais proximamente tratou [com a ARSN], pessoal e telefonicamente” do processo de licenciamento do HSM.

Por julgar “essencial” o esclarecimento do seu papel, o mandatário dos dois arguidos requereu ao tribunal a inquirição do próprio Branquinho e de Maciel Barbosa — que nunca foram ouvidos durante a investigação —, bem como a junção aos autos do processo de licenciamento do HSM. O juiz de instrução, porém, ignorou este pedido, pronunciando em Julho, sem mais diligências, os dois ex-funcionários por corrupção passiva e Joaquim Teixeira por corrupção activa.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Sharapova sobrevive

Dia 4 do Australian Open e o ténis a subir de nível. Ainda não aconteceram aqueles duelos para mais tarde recordar. Para já só uma grande surpresa... a eliminação do quinto cabeça de série por um espanhol ilustre desconhecido que começou há menos de dois anos a disputar ATP Masters. Del Potro caíu perante Roberto Bautista, sexagésimo segundo do ranking. Um jogador que eu não me lembro de alguma vez ter visto jogar e que curiosamente nem sequer tem foto no site oficial do torneio. Nadal agradecerá ao seu compatriota por ter tirado do seu caminho um adversário temido.

Mas o duelo do dia foi aquele que opos Maria Sharapova à italiana Karin Knapp. Na verdade duas veteranas do circuito feminino, ambas com 27 anos e muita experiência de grandes torneios. Já fiz referência neste blogue que o jogo de Sharapova parece mais espetacular no ecrã do que ao vivo. Um jogo de força, de gritos, vertical, de fundo de court e muito pouco criativo. Ver Sharapova jogar ao vivo foi uma desilusão.

Mas hoje, a russa mostrou de que fibra é feita perante uma adversária à altura. Debaixo de um calor tórrido (temperaturas de 43 e 44ºC) que obrigou a organização a accionar o alerta de calor extremo e adiar os últimos sets dos encontros, estas duas jogadoras tiveram mesmo que jogar até ao fim. Três duros sets (43, 50 e 115 minutos) permitiram à russa passar à ronda seguinte por 6-3, 4-6 e 10-8.  Knapp a jogar com o coração, Sharapova com o seu jogo de sempre (e as duplas faltas de sempre, chegando a cometer 3 faltas num jogo da terceira partida) e cerca de 3 horas e meia de ténis sofrido, tenso, emotivo, apesar de nem sempre bem jogado.


Maria Sharapova soube sofrer e multiplicar-se para sobreviver...
E, no fim de encontros destes, saem os dois jogadores vitoriosos, com um sorriso nos lábios e debaixo de uma forte ovação de um público que rende sempre homenagem à garra dos jogadores, por vezes a rondar o esforço sobre-humano.