quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Intratável Cilic






Intrattabile Cilic

Foi assim que o comentador italiano da RAI terminou o comentário à final da edição deste ano do US Open.  Ridiculously powerful, escrevia o Telegraph. Coup de chapeau, dizia-se na emissão francesa do Eurosport.

O Mundo do Ténis ainda se encontra em estado de choque, após o embate entre Kei Nishikori (número 11 ATP) e Marin Cilic (número 16 ATP) em Flushing Meadows. Muito se escreveu e disse desta Final Surreal, tão longe da Final Desejada entre Roger e Novak.

A verdade é que desde a edição de 2005 do Australian Open, nunca uma final de um Grand-Slam foi disputada sem a presença de pelo menos um dos big four. E a grande maioria disputada entre dois deles, com repetidos duelos entre Djokovic, Nadal, Federer e Murray. Terá sido uma "lufada de ar fresco", como afirmou Goran Ivanisevic, a segunda estrela que mais brilhou em Flushing Meadows?

Nishikori esteve uns furos abaixo do que tinha feito dois dias antes perante o número um mundial. Mas não é difícil acreditar que mesmo que estivesse ao seu melhor nível, seria impotente para travar o croata de cima dos seus 1,98 m. E a sensação que fica, a quem assistiu ao "desprezo" com que Cilic foi "arrumando" os seus adversários, incluindo Berdych, Federer e Nishikori, é se existe algum jogador de ténis atualmente com capacidade de sequer lutar contra as armas deste croata. E não se pense que Cilic é sinónimo de serviço, porque há quem sirva mais rápido no circuito e nem sequer tenha chegado a uma meia-final de um GS. É muito mais do que isso, veja-se por exemplo as estatísticas destes encontros, incluindo o número de erros não forçados e winners.

Marin Cilic jogou na zona praticamente durante todos os três últimos encontros que disputou em Flushing Meadows. Só assim foi possível vencer de rajada os 3 sets em cada um dos encontros contra adversários melhor posicionados no ranking (veja-se que a Final nem atingiu as 2 horas de duração, provavelmente a mais rapidamente disputada na última década). Cheguei a perguntar-me a mim mesmo durante a Final se o estratega Rafael Nadal seria capaz de o tirar da zona e perder num qualquer momento a confiança com que enfrentava cada ponto que disputava. Por outro lado, quem anda há muitos anos no Ténis, sabe que esta força invisível capaz de vencer encontros e torneiros, designada de momentum, não durará sempre e muito provavelmente já não acompanhará o gigante croata no Australian Open 2015.

Grande feito, Cilic !