quarta-feira, 17 de julho de 2013

Os Privilegiados

Da autoria de Gustavo Sampaio, foi hoje lançado o livro intitulado "Os Privilegiados".

Finalmente, jornalismo de investigação, com dados concretos, números, nomeações, revelações, tudo "preto no branco". O que é mais surpreendente é que mais de metade dos nossos representantes na Assembleia da Republica não está ali por espírito de missão, amor à pátria ou defesa dos interesses do povo. São exatamente 117 os deputados que ali se sentam a tratar dos seus interesses pessoais ou das empresas que representam. Estão ali em part-time, como estão os rapazes que nos vendem hamburgueres no MacDonalds. Mas ganham um pouco mais e, ainda mais interessante, participam nos negócios entre o Estado e as Empresas de cujas administrações fazem parte. E, claro está, podemos confiar nestes senhores que tudo farão para defender os interesses do Estado, de todos (alguns de) nós.

Senhores jornalistas, ganhem coragem e investiguem. Olhem para o vosso colega Gustavo Sampaio. Libertem-se dos Conselhos de Administração das vossas Rádios e Televisões. Libertem-se do Conselho Editorial dos vossos jornais e publiquem tudo o que sabem e que os portugueses precisam e merecem saber.



SINOPSE

Dos 230 deputados à Assembleia da República, 117 estão em regime de part-time, acumulando as funções parlamentares com outras atividades profissionais no setor privado. Advogados, juristas, médicos, engenheiros, consultores, empresários, etc. Em diversos casos, prestando serviços remunerados a empresas que operam em setores de atividade fiscalizados por comissões parlamentares que os mesmos deputados integram. Ao que se acrescem as ligações a empresas (cargos de administração, participações acionistas, serviços de consultoria, etc.) que beneficiam de iniciativas legislativas, subsídios públicos ou contratos adjudicados por entidades públicas visando a execução de obras, o fornecimento de produtos ou a prestação de serviços. Conflitos de interesses? Dezenas de exemplos concretos são apresentados nas páginas deste livro. Dos corredores do poder político para as salas de reunião dos conselhos de administração, e demais órgãos sociais, das maiores empresas portuguesas, com ou sem período de nojo. Um fluxo recorrente entre cargos públicos e privados. Das 20 empresas cotadas no índice PSI 20, por exemplo, 16 contam com ex-políticos em cargos de administração. Por vezes são ex-governantes que decidiram sobre matérias que implicam as empresas para as quais vão depois trabalhar, ou até administrar. Sabia que as subvenções vitalícias dos políticos foram criadas numa altura em que Portugal estava sob assistência financeira do FMI? Que foram alvo de um veto presidencial? Que duplicam de valor quando o beneficiário alcança os 60 anos de idade? Que apesar de terem sido revogadas há 8 anos, o número de beneficiários continua a aumentar? Que a identidade dos beneficiários passou a ser secreta? Ou que há políticos que a requereram com idade inferior a 50 anos? Pedro Passos Coelho prometeu que iria fazer nomeações com base no mérito e não nas ligações partidárias. Apesar da maior transparência, as 142 nomeações com ligações partidárias para altos cargos dirigentes na Administração Pública, identificadas neste livro, demonstram que os boys continuam a ser favorecidos. O jornalista Gustavo Sampaio traz-nos um livro revelador, onde depois de uma exaustiva e rigorosa pesquisa, apresenta-nos as zonas cinzentas entre o interesse público e privado, e faz as ligações que nos permitem perceber como políticas e ex-políticos gerem interesses, movem influências e beneficiam de direitos adquiridos.