quinta-feira, 23 de maio de 2013

O que é ser Professor

Jô Soares definia assim o que é ser Professor!


O material escolar mais barato que existe na praça é o professor.

É jovem, não tem experiência.

É velho, está superado.

Não tem automóvel, é um pobre coitado.

Tem automóvel, chora de "barriga cheia".

Fala em voz alta, vive gritando.

Fala em tom normal, ninguém escuta.

Não falta à escola, é um "Adesivo".
Precisa faltar, é um "turista".

Conversa com os outros professores, está "malhando" nos alunos.
Não conversa, é um desligado.

Dá muita matéria, não tem dó.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.

Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.

Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não se sabe impor.

A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as hipóteses do aluno.

Escreve pouco, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.

Fala correctamente, ninguém entende.
Fala a "língua" do aluno, não tem vocabulário.

Exige, é rude.
Elogia, é parvo.

O aluno é retido, é perseguição.
O aluno é aprovado, deitou "água-benta".

É! O professor está sempre errado, mas se conseguiu ler até aqui, agradeça-lhe a ele.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Escravatura do Século XXI


Sem nos apercebermos, aproveitando-se da apatia generalizada de gerações mais novas pouco acostumadas a lutas colectivas e mais dadas ao convívio com um monitor de mais ou menos polegadas, há quem já esteja a tratar de impedir o livre acesso às sementes. Como não podem roubar a terra, as astutas multinacionais em colaboração com os governantes tecnocratas, estão em vias de manipular o acesso generalizado às sementes. Se não estivermos nós atentos, os nossos filhos e netos sofrerão a nova escravatura do século XXI.


Miguel Esteves Cardoso escrevia ontem, no jornal Público.


No PÚBLICO.pt de ontem dá-se conta de uma reportagem da LUSA sobre o protesto dos pequenos produtores da aldeia transmontana de Duas Igrejas contra a nova lei das sementes que está quase a ser aprovada pelo Parlamento Europeu. Falam por todas as sementes, todas as hortas, todos os agricultores e, sobretudo, pela economia e cultura portuguesas. A lei das sementes - que proíbe, regulamentando, a milenária troca de sementes entre produtores - é pior do que uma invasão francesa de Napoleão.
É uma invasão fascista que quer queimar a terra para preparar a incursão das agro-corporações multinacionais (como a gigantesca e sinistra Monsanto) que virão patentear as sementes que são nossas há que séculos, obrigando-nos depois a pagar-lhes direitos de autor, só por serem legalisticamente mais espertos. Pense-se em cada semente como uma palavra da língua portuguesa. Na nova lei colonialista das sementes é como obrigar os portugueses a sofrer a chatice e a despesa de registar tudo o que dizem, burocratizando cada conversa.
Atenção: é o pior ataque à nossa cultura e economia desde que todos nascemos. Querem empobrecer-nos e tornar-nos ainda mais pobres do que somos, roubando-nos as nossas poucas riquezas para podermos passar a ter de comprá-las a empresas multinacionais que se apoderaram delas, legalmente mas sem qualquer mérito, desculpa ou escrutínio.
Revoltemo-nos. Já. Faltam poucos dias antes de ser ter tarde de mais. E para sempre. Acorde.